Suíça, um breve resumo

Antes de iniciar a série de posts sobre a Suíça devia ter feito esta introdução, mas tudo bem, isso não tem muita importância… Aqui, a ordem dos fatores não altera o produto!

Vou começar explicando minha relação pessoal com o país: tenho duas grandes amigas suíças, que conheci estudando fora (ambas da parte alemã da Suíça). Minhas duas estadias por lá foram a convite destas amigas, e por isso tive a grande oportunidade de conhecer tudo com dicas totalmente locais. Isso foi maravilhoso!

Esta última (em Setembro/14) foi a segunda vez minha no país, já havia estado por lá em 2010, em pleno inverno (locais visitados: St. Gallen e a montanha Santïs – quem sabe não viram posts futuros?). Agora, no fim do verão, pude concluir algumas impressões que já havia tido do país naquela ocasião. Vou fazer em um esquema estilo “resumão” para apresentá-las:

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O transporte público é muito eficiente, mega pontual e… confuso! Como disse, nas minhas duas vezes na Suíça me hospedei na casa das minhas amigas e, diferentemente das minhas viagens habituais mega planejadas, não me preocupei com planejamento/estudo de nada! Afinal, elas sabiam os restaurantes e bares bacanas, passeios legais e como se locomover nas cidades. Minhas única preocupação era comprar o ticket (com a ajuda delas, claro!) e seguir o fluxo. Já havia notado isso da primeira vez e isso se confirmou agora, quando percorri todas as principais cidades por lá: é confuso demais! Acho que por ser tão eficiente e ligar cada vilarejo, ele é bastante difícil de se entender… Não é um transporte “turista friendly” como o de Londres, Toronto, Madrid ou até NY (que com dois dias calejando você já consegue ter uma noção de como funciona). Cheguei lá sem entender nada e saí entendendo menos ainda. Devo assumir que o idioma tampouco ajuda (ich spreche kein Deutsch!), porém também não falo holandês e me virei numa boa em Amsterdam… São muitas máquinas, poucos atendentes (em sua maioria com pouquíssima boa vontade), necessidade de validação em auto-terminais, bilhetes todinhos em alemão… Olha que sou bem ligeira e devo assumir que… boiei!

Li diversos posts em que o pessoal comenta sobre o Swiss Pass, mas como não usei, não posso opinar… Estou narrando aqui minha experiência pessoal.

Enfim, minha dica para o viajante a Suíça é: se hospede no centro das cidades, percorra tudo a pé e, entre as cidades, alugue um carro: o país tem ótimas estradas (também super abrangentes), não tem pedágio e as distâncias são curtas. Uma outra opção é reservar os trechos de trem antecipadamente e já chegar no país com os bilhetes: aí não tem erro. Não sei se arriscaria deixar pra comprar por lá…

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Não é a toa que o país é riquíssimo, cheio dos bancos e tal… – eita país caro essa Suíça! Acho difícil falarmos em caro e barato em um blog, afinal cada um vive sua realidade. Por isso prefiro me ater aos valores para que cada um tire sua conclusão. Considerando a cotação do Franco Suíço de turismo, que paguei R$ 2,80 em média na época (set/14), segue abaixo uma breve listagem de preços do país em reais (comprovados em notas fiscais que guardei #viciosevirtudes):

Passe ilimitado de 1 dia de transporte público no país todo – R$ 280,00

Tarifa ônibus público Aeroporto – Zürich Oerlikon (região onde estava hospedada) – distantes 6,6 km – R$ 11,80

Drink em um bar simples (Toro Bar) – R$ 42,00 (podia ser cuba livre, caipirinha, mojito… – não estou falando em nada muito sofisticado)

Café expresso em café/restaurante – R$ 11,20 em média cada

Cappucinno em café/restaurante – R$ 16,80 em média cada

Garrafa 300 ml de água em café/restaurante- R$ 11,80 em média cada

Garrafa de 1 l de água em café/restaurante – R$ 26,60

Pizza individual em restaurante – R$ 84,00

Refrigerante em restaurante – R$ 15,40

Fondue de queijo em restaurante – R$ 71,40 por pessoa

1 x chá em um bar – R$ 18,20 (esse não podia acreditar, gente… Água quente e um saquinho de chá!!!)

Enfim… eu achei tudo bastante caro. Na minha primeira vez no país já havia tido essa impressão, mas como fiquei apenas por um final de semana, não foi algo tão gritante. Agora, quando se fica uma semana… Começa a pesar!

Mas por que tudo tão caro? A resposta é: eles ganham proporcionalmente ao custo de vida por lá. Inclusive isso gera uma baita discussão e preconceito por parte deles quanto a estrangeiros de países vizinhos (alemães, principalmente), que trabalham na Suíça ganhando bastante e vivem na Alemanha, onde o custo de vida é bem menor – eles dizem que os alemães aceitam empregos por salários menores e “roubam” os empregos dos legítimos suíços…

Tá com viagem programada para a Suíça? Prepare o bolso!

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Povo educado, pontual, polido e civilizado. São realmente isso, e a sensação de se estar entre pessoas civilizadas e esclarecidas culturalmente é permanente. A sua individualidade é totalmente respeitada e eles levam isso até a última consequência. E devo dizer que isso me incomodou… Acho bastante delicado julgar um certo povo (não é todo francês que é fedido, nem todo italiano metido, nem todo espanhol é grosso), porém o povo suíço não passa desapercebido. Fui realmente bem atendida em restaurantes em duas ocasiões por lá, e nas duas os garçons eram estrangeiros – até aí tudo bem, nem todo país tem como aspecto cultural a simpatia, a vontade de agradar o visitante, etc. Acontece que sua individualidade é tão respeitada que o trem/metrô não tem som. Ninguém fala nada. Por mais que estejam viajando juntos, as pessoas não conversam nem entre si. Talvez para não “incomodar” os demais passageiros… É um país na verdade silencioso em tudo, os restaurantes, cafés, supermercados. Em alguns momentos me vi em lugares de uma beleza ímpar, porém os achei sem vida. Pesado isso, não? Mas realmente senti isso, que faltou vida em alguns momentos por lá. No geral, achei o povo bastante frio (com exceções, como minhas amigas e suas famílias, etc).

Apenas como exemplo, quase fui agredida no trem. Final de tarde, estava voltando de Luzern em meu primeiro dia inteiro no país, trem lotado, entrou um bêbado. Falando nada com nada, gritando, caindo, batendo nas paredes do trem. Ele começou totalmente aleatoriamente a gritar comigo e com minha amiga. Gritar a um centímetro do meu rosto, eu conseguia sentir seu hálito de bebida alcoólica. Então ele começou a bater na mesa que estava em nossa frente. Com força. Ele estava totalmente alterado e muito agressivo. O trem estava cheio de homens, mulheres, outras pessoas. Alguém o deteu? Alguém chamou algum responsável? Alguém fez alguma coisa? Não. As pessoas simplesmente viravam o rosto fingindo que nada estava acontecendo, para não se envolver. Nunca havia passado por isso em minha vida e estava esperando ele me dar um soco, tapa! Ele começou a andar e fazer o mesmo com outros passageiros quando nós nos levantamos e mudamos de vagão. Fiquei realmente chocada com a indiferença dos demais passageiros (acredito que isso nunca aconteceria no Brasil… Algum homem já o teria pegado pelo braço e o afastado, dando um basta na situação). Segundo minha amiga, ninguém fez nada porque ele efetivamente “não fez nada”. Não tocou em nós. E se alguém fizesse algo, o tirasse dalí, encostasse nele, esta pessoa teria problemas… Resumo: o pessoal ia esperar ele me agredir para então (talvez) fazer alguma coisa para que ele parasse. Este episódio acho que ilustra um pouco o que escrevi sobre a individualidade suíça…

Como comentei, as minhas amigas, suas famílias são pessoas maravilhosas, me receberam muito bem. Provavelmente são exceção total a regra.

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Se eu pudesse resumir em uma foto o país seria em uma que tivesse ao mesmo tempo: flores, lagos, cisnes e torres com relógios (a de cima reúne apenas dois desses – é da pequena cidade de Rapperswil, no lago Zürich, uma cidade apaixonante).

Nada mal, não? É um país de conto de fadas… Esse fato compensa o povo meio indiferente, o transporte confuso e o alto custo de vida/viagem. Literalmente, vale o preço!

É tudo muito lindo (para onde quer que você olhe) e super bem cuidado. Não é um país com uma mega história de revoluções e personagens, praças e museus famosos e tampouco com pontos turísticos marcantes como o Coliseu ou a Torre de Belém. E aí que mora seu charme: é um país de paisagens, com uma geografia espetacular com vales, montanhas, rios, lagos e cidades que estão ali esperando serem descobertas. Por terra ou pela água, é impressionante ver como um país tão pequenino pode ser tão distinto – seja na arquitetura, no povo, no idioma, no estilo de vida. Genebra é aberta, é internacional. Falam francês e gostam da ostentar. Zurich é a São Paulo, cosmopolita mas extremamente tradicional, pouco receptiva e de povo bastante reservado. Appenzell é onde mora o antigo, uma região pacata onde as tradições na produção de queijo e na música são preservadas. Se fossemos comparar, Genebra seria o Rio de Janeiro, Zurich, São Paulo e Appenzell, Minas Gerais.

Eu nunca vi uma água com coloração tão impressionante como na Suíça. São provavelmente mais de 50 tons de azul e verde que você pode ver nos rios e lagos, todos com água cristalina, pessoas nadando, passeando de caiaque. Dá vontade de pular, as margens são muito convidativas.

E as torres nos relógios? Por onde você olha, cada cidadezinha tem a sua torre (na maioria das vezes, verde água) com um relógio. Mais suíço, impossível.

DSC05725Vou fazer um post sobre restaurantes em breve, porém já adianto que é muito saborosa. Os clássicos já conhecidos: raclette, fondue, rösti, bratwurst, são encontrados em quase todos os restaurantes de comida internacional/suíça. Isso sem falar do chocolate (os suíços são o povo que mais consome chocolate no mundo – isso é um dado do Museu do Chocolate da fábrica Frey, que visitei), do müesli e do ovomaltine. Sim, nosso famoso ovomaltine (popularizado no milkshake do Bob’s, humm) é originalmente suíço! E eles consomem bastante o famoso pózinho por lá, sempre nos café há: espresso, cappucinno, latte machiatto e o tradicional ovomaltine!

Eu comi bem durante toda minha passagem por lá, realmente um país com pratos bastante diferentes e saborosos, porém pesados. Por conta do clima bastante frio, todos os principais pratos são bem calóricos. Não que tenha sido um grande sacrifício degustá-los em pleno verão!

Suíça, vale a visita!

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